terça-feira, 29 de março de 2016

Dom Fernando Arêas Rifan: O lado positivo e o lado negativo de um Padre pop-star famoso!


- Vamos olhar o lado positivo(dos padres pop-stars):

Eles tem uma forma, assim, um pouco inovadora, mas fazem um grande bem. Muita gente acaba ouvindo a mensagem deles, muita gente que não ouviria na Igreja vai ouvi-los lá no show. Então, eles acabam transmitindo alguma mensagem, uma palavra boa... Da última vez que o Pe. Fábio de Melo esteve aqui(em Campos), no final as pessoas estavam comentando, eu sei por que gente nossa que estava lá ouviu, falaram assim: «Olha, esse Jesus de que o Padre fala aí deve ser muito bom mesmo, pois, ele fala tão bem d’Ele, né...» Então, acabam passando algumas mensagens muito boas, acaba influenciando muita gente, o Pe. Fábio de Melo, mesmo, dá muitos bons conselhos... Essas coisas todas! Bom, esse é o lado positivo.

- É claro que também tem o lado negativo(dos padres pop-star):

O lado negativo é esse excesso de exposição na mídia, e, por exemplo, o Pe. Fábio não usa nunca um distintivo, anda como um playboyzinho e, eu acho que isso não fica bem, fica muito pop-star mesmo, fica muito leigo. E aí as meninas ficam gritando que ele é lindo, que não sei o que... E essa palhaçada toda que eu acho que não faz bem, não condiz com ele.

Então, esse é o lado negativo e ele faz questão de se mostrar como "um qualquer", aí depois começa, vem toda a exposição da mídia, propagandas e aquela história toda... Eu acho que ele quase não vai ter tempo de ser Padre, ele vai ter tempo só pra ser artista. Eu acho que se fosse um outro leigo, poderia fazer isso, mas um Padre... Pode descaracterizar um pouco! Esse é o lado negativo que eu acho que pode prejudicar.
Sem falar que as vezes, a Missa dele(Pe. Fábio) não, mas, o Padre Marcelo Rossi, as vezes, transforma a Missa muito num show. [...] as pessoas vai por causa do show. Ele mesmo(Pe. Marcelo) diz que perde dois quilos em cada Missa de tanto pular.

[...] o Padre não é o protagonista da Missa, o protagonista na Missa é Jesus, é nosso Senhor. Quanto mais transparente for o Padre, melhor é, pois ele tem que levar para Deus, ele não pode atrair para si. Se ele atrair para si, ele fica o protagonista da história, e a gente não vai na Igreja por causa de Padre, nós vamos na Igreja por causa de Jesus Cristo.

Então, se o Padre focaliza muito, o pessoal fica dizendo “não, eu vou na Missa daquele Padre tal e não na do outro Padre tal...” Não, espera aí, você descaracterizou, meu filho, você deve ir a Missa por causa de Jesus Cristo!

Esse eu acho que é o lado negativo.
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Fonte: YouTube
Transcrição: Thiago A. Borges de Azevedo

sábado, 5 de março de 2016

Dom Henrique Soares da Costa - Meditação para o IV Domingo da Quaresma

Este Domingo hodierno marca como que o início de uma segunda parte da Santa Quaresma. Primeiramente é chamado “Domingo Laetare”, isto é “Domingo Alegra-te”, porque, no Missal, a antífona de entrada traz as palavras do Profeta Isaías: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações!” Um tom de júbilo na sobriedade quaresmal! É que já estamos às portas “das festas que se aproximam”.
A Igreja é essa Jerusalém, convidada a reunir seus filhos na alegria, pela abundância das consolações que a Páscoa nos traz! Este tom de júbilo aparece nas flores que são colocadas hoje na igreja e na cor rosa dos paramentos do celebrante.

Depois deste Domingo, o tom da Quaresma muda. A partir de amanhã, até a Semana Santa, quase todos os evangelhos da Missa serão de São João. Isto porque o Quarto Evangelho é, todo ele, como um processo entre os judeus e Jesus: os judeus levarão Jesus ao tribunal de Pilatos. Este condená-Lo-á, mas Deus haverá de absolvê-Lo e ressuscitá-Lo!

A partir de amanhã também, a ênfase da Palavra de Deus que ouviremos na Missa da cada dia, deixa de ser a conversão, a penitência, a oração e a esmola, para ser o Cristo no mistério de Sua entrega de amor, de Sua angústia, ante a paixão e morte que se aproximam.

Em todo caso, não esqueçamos: a Quaresma conduz à Páscoa. A primeira leitura da Missa no-lo recorda ao nos falar da chegada dos israelitas à Terra Prometida. Eles celebraram a Páscoa ao partirem do Egito e, agora, chegando à Terra Santa, celebram-na novamente. Aí, então, o maná deixou de cair do céu. Deus fiel, que alimentou Israel durante todo o caminho; Deus fiel que conduziu o Seu povo até o seu destino: a Terra da Prometida!

Coragem, também nós: estamos a caminho: nossa Terra Prometida é Cristo, nossa Páscoa é Cristo, nosso maná é Cristo! Ele, para nós, é, simplesmente, tudo! Estão chegando os dias solenes de celebração de Sua Páscoa! O Deus fiel que conduziu o Seu povo, nos conduz agora, nas estradas do deserto desta vida, rumo à Vida eterna da Glória, na Páscoa definitiva; Ele nunca nos deixará de nos alimentar com Sua Vida divina na santa Eucaristia, maná bendito e vivificante!

Quanto à liturgia da Palavra, chama-nos atenção hoje a parábola do filho pródigo. Por que está ela aí, na Quaresma? Recordemos como Lucas começa: “Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para escutá-Lo. Os fariseus, porém, e os escribas criticavam Jesus. ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’”.
Então: de um lado, os pecadores, miseráveis sem esperança ante Deus e ante os homens, que, agora, cheios de esperança nova e alegria, aproximam-se de Jesus, que se mostra tão misericordioso e compassivo. Do outro lado, os homens de religião, os praticantes, que sentem como que ciúme e recriminam duramente a Jesus! É para estes que Jesus conta a parábola, para explicar-lhes que o Seu modo de agir, ao receber os pecadores, é o modo de agir de Deus! Sim: é pelos pecadores que o Senhor entregará a Sua preciosa vida; é pelos que se sabem pecadores e pecadores se experimentam que o Senhor veio e morreu e ressuscitou!

Quem é o Pai da parábola? É o Deus de Israel, o Pai de Jesus.
Quem é o filho mais novo? São os pecadores e publicanos. Este filho sem juízo deixou o Pai, largou tudo, pensando poder ser feliz por si mesmo, longe de Deus, procurando uma liberdade que não passava de ilusão.
Como ele termina? Longe do Pai, sozinho, humilhado e maltrapilho, sem poder nem mesmo comer lavagem de porcos - recordemos que, para os judeus, os porcos são animais impuros! Mas, no seu pecado, na sua loucura e na sua miséria, esse jovem é sincero e generoso: caiu em si, reconheceu que o Pai é bom (como ele nunca tinha parado para perceber), reconheceu também que era culpado, que fora ingrato... E teve coragem de voltar: confiou no amor do Pai. Cheio de humildade, ele queria ser tratado ao menos como um empregado! Esse moço tem muito a nos ensinar: a capacidade de reconhecer as próprias culpas, a maturidade de não jogar a responsabilidade nos outros, a coragem de arrepender-se, a disposição de voltar, confiando no amor do Pai! Para cada filho que volta assim, o Pai prepara uma festa (a Páscoa) e o novilho cevado (o próprio Cristo, cordeiro de Deus) e um banquete (a Eucaristia) e a melhor veste (a veste alva do Batismo, cuja graça é renovada na Reconciliação).

E o filho mais velho, quem é? São os escribas e fariseus, são os que pensam que estão em ordem com o Pai e não Lhe devem nada, são os que se acham no direito de pensar que são melhores que os demais e, por isso, merecem a salvação. O filho mais velho nunca amou de verdade o Pai: trabalhou com Ele, nunca saiu do lado Dele, mas fazendo conta de tudo, jamais se sentindo íntimo do Pai, de tudo foi fazendo conta para, um dia, cobrar a fatura: “Eu trabalho para ti a tantos anos, jamais desobedeci qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos” O filho nunca compreendera que tudo quanto era do Pai era seu... porque nunca amara o Pai de verdade: agia de modo legalista, exterior, fazendo conta de tudo... E, agora, rancoroso, não aceitava entrar na festa do Pai, no coração do Pai, no amor do Pai, para festejar com o Pai a vida do irmão! O Pai insiste para que entre... mas, os escribas e os fariseus não quiseram entrar na festa do Pai, que Jesus veio celebrar neste mundo...

Quem somos nós, nesta parábola? Somos o filho mais novo e somos também o mais velho! Somos, às vezes, loucos, como o mais jovem, e duros e egoístas, como o mais velho. Pedimos perdão como o mais novo, e negamos a misericórdia, como o mais velho. Queremos entrar na festa do Pai como o mais novo, e, às vezes, temos raiva da bondade de Deus para com os pecadores, como o mais velho! Convertamo-nos!

São Paulo nos ensinou na Epístola que, em Cristo, Deus reconciliou o mundo com Ele e fez de nós, criaturas novas. O mundo velho, marcado pelo pecado, desapareceu. Em nome de Cristo, Paulo pediu – e eu vos suplico também: “Deixai-vos reconciliar com Deus! Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus O fez pecado por nós, para que Nele nos tornemos justiça de Deus!”

Alegremo-nos, pois! Cuidemos de entrar na Festa do Pai, que Cristo veio trazer: peçamos perdão a Deus, demos perdão aos irmãos! “Como o Senhor vos perdoou e acolheu, perdoai e acolhei vossos irmãos!” Deixemos que Cristo no renove, Ele que é Deus bendito pelos séculos. Amém.
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Fonte: https://www.facebook.com/domhenrique.dacosta/posts/918655814915460