Homilia de Dom Henrique Soares da Costa - I Domingo do Advento
29 de Novembro de 2015
Leituras do Dia:
1Leitura: Jr 33,14-16/Salmo: Sl 24,4bc-5ab.8-9.1014 (R.1b)/2Leitura: 1Ts 3,12-4,2/Evangelho: Lc 21, 25-28.34-36
“A Vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em Vós, que eu não seja envergonhado!”
Com a Eucaristia deste hoje estamos iniciando um novo Ano Litúrgico e
também o Tempo do Advento, que nos prepara para o Natal do Senhor e
celebra liturgicamente a Sua Vinda gloriosa no final dos tempos, no Dia
de Cristo.
Durante este novo ano, aos domingos, escutaremos
sempre trechos do Evangelho segundo Lucas. E na Missa deste Primeiro
Domingo deste novo tempo, a Igreja, no missal, coloca as palavras do
salmo 24, que foram lidas há pouco: “A Vós, meu Deus, elevo a minha
alma”... A Igreja ergue os olhos, o coração, a alma para o Senhor,
reconhecendo-se pobre, pequena e necessitada. “Confio em Vós, que eu não
seja envergonhado!” Estas palavras, exprimem qual deva ser nossa
atitude neste santo Advento: atitude de quem se reconhece necessitado de
um Salvador; de quem se sabe pequeno e incapaz de caminhar sozinho! A
humanidade, sozinha, não chega à plenitude, não encontra a felicidade:
precisamos que Deus venha e nos estenda a mão, que Ele nos eleve e nos
salve!
O Advento nos prepara para o Natal e nos faz pensar que
um dia o Senhor virá em Sua Glória para levar à plenitude Sua obra de
salvação. É um tempo de vigilância, de súplica, de alegre esperança no
Senhor que vem: veio em Belém, vem no mistério celebrado no Natal, virá
no final dos tempos e vem a cada dia, nos grandes e pequenos momentos,
nos sorrisos e nas lágrimas.
A liturgia nos ajuda a viver bem este tempo com símbolos próprios desta época:
a cor roxa, que significa sobriedade e vigilância;
o “Glória”, que não será rezado na Missa, para recordar que estamos nos preparando para cantá-lo a plenos pulmões no Natal;
a ornamentação sóbria da igreja;
a coroa do Advento, que pode ser utilizada e abençoada na Celebração deste Domingo;
as leituras e cânticos tão comoventes, sempre pedindo a graça da Vinda do Senhor;
a recordação dos personagens que nos ensinam a esperar o Messias:
Isaías, João Batista, Isabel e Zacarias, José e, sobretudo, a Virgem
Maria.
Neste tempo, cuidemos de meditar mais na Palavra de
Deus, tanto nas leituras da Missa diária quanto no livro do Profeta
Isaías. Procuremos também o sacramento da confissão. Abramos nosso
coração Àquele que vem!
No Evangelho deste Domingo, o Senhor
nos recorda a necessidade da vigilância: “Tomai cuidado para que vossos
corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das
preocupações da vida, e esse Dia não caia de repente sobre vós; pois
esse Dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes da terra.
Portanto, ficai atentos!”
Aquele cuja vinda em humildade
celebraremos no Natal, cuja Vinda em Glória esperamos no final dos
tempos, vem a nós constantemente! Somente numa atitude de oração e
vigilância, de sobriedade e de expectativa amorosa, é que poderemos
reconhecê-Lo e acolhê-Lo. É nossa atitude agora que determinará nossa
sorte quando Ele vier no final dos tempos.
Com uma linguagem
impressionante e simbólica, Jesus quer nos dizer hoje que Sua
Manifestação final vai co-envolver todas as coisas: a criação toda, a
história humana toda e cada um de nós. Nada nem ninguém escapará do Dia
do Cristo; tudo será passado a limpo pelo Filho do Homem glorioso:
“Verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com grande poder e glória”.
Esta Vinda será discriminatória, pois discriminará bons e maus: será
manifestação da salvação para quem o acolheu, e será perdição para quem o
rejeitou! Daí, a advertência séria, o apelo quase que dramático que
Jesus nos faz: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai a
cabeça, porque a vossa libertação se aproxima; ficai atentos para terdes
força de escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé
diante do Filho do Homem!” Os sinais que o Senhor nos dá, acontecem
sempre, em cada geração, como um convite insistente à vigilância.
É preciso que compreendamos que este Dia final que o Senhor nos
prepara – Dia da Sua Vinda, da Sua Manifestação, da Sua Aparição – será
Dia de salvação: “Eis que virão dias em que farei cumprir as promessas
de bens futuros... Naqueles dias, farei brotar de Davi a semente de
justiça... e Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante”.
Deus nunca pensou o mal para nós: o bem, a bênção, a graça, a salvação
que Ele prenunciou como promessa no Antigo Testamento, começaram,
efetivamente, a realizar-se com a inauguração do Reino, trazido pela
vinda do nosso Salvador na nossa carne mortal e serão manifestados em
plenitude na Vinda final, na Parusia do nosso grande Deus e Salvador,
Jesus Cristo!
É necessário, pois, que nos abramos para o Bem
que o Senhor nos prepara; este Bem é Aquele que veio em Belém, que nos
vem em cada Eucaristia e que nos virá no final de tudo: “este é o Nome
com que será chamado: Senhor-nossa-justiça”. Este Bem é Jesus-Salvador!
Por isso mesmo, na segunda leitura da Missa hodierna, o Apóstolo nos
convida a buscar a santidade aos olhos de Deus, nosso Pai,
preparando-nos para “o Dia da Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com
todos os Seus santos” e nos pede insistentemente que façamos “progressos
ainda maiores”.
Tomemos consciência de que nosso caminho neste mundo passa, é apenas um caminho!
Por que temos tanto medo de recordar que aqui estamos de passagem e que somente lá permaneceremos para sempre?
Pois bem: vivamos bem nosso Advento, vivamos bem os dias de nossa vida,
à luz do Dia do Cristo que vem! Que caminhemos com os pés bem firmes
neste mundo e os olhos voltados para o alto. Que nossos sentimentos
sejam os do salmo da Missa de hoje: “Mostrai-me, ó Senhor, Vossos
caminhos, e fazei-me conhecer a Vossa estrada! Vossa verdade me oriente e
me conduza, porque sois o Deus da minha salvação!”
Que nós,
“acorrendo com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos
reunidos à Sua Direita na comunidade dos justos” no Dia da Sua
Vinda!Vem, Senhor Jesus! Amém!
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